Muitos
anos já se passaram desde o dia em que ele fora chamado por Deus. Na época
ele era apenas um menino que servia a um sacerdote. Depois disso, Samuel se
tornara um profeta e um juiz do povo de Israel. Contudo, os seus dias de juiz
já haviam passado. Sentindo o peso dos anos, ele havia passado a tarefa para
seus filhos. Já estava na hora de se aposentar. Esse, contudo, não é um daqueles dias
pacatos da vida de aposentado.
Samuel ouve um barulho e, quando vai à janela, vê uma comitiva chegando.
Todos os
líderes da nação de Israel estão vindo bater à porta de Samuel. “Será que eles
não sabem que eu me aposentei?” – pensou Samuel – “Bem, acho que um profeta
nunca se aposenta de verdade…”
Depois
de se cumprimentarem, Samuel lhes pergunta o porquê da visita. Os líderes vão
direto ao ponto: “Eis que já estás
velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos. Constitui-nos, pois, agora um
rei para nos julgar, como o têm todas as nações” (1 Sm 8.5 – Grifo
meu) Talvez a cena não tenha se desenrolado exatamente do jeito que descrevi,
mas os líderes usaram exatamente essas palavras acima. Se você continuar lendo
o texto verá que nem Samuel nem Deus gostaram muito daquilo que os líderes
disseram.
Samuel,
de fato, estava velho e seus filhos não seguiam seu exemplo. Até aí tudo
certo. A segunda parte da fala é que foi problemática. Primeiro porque eles não
vieram pedir o direcionamento de Deus. Eles já haviam tomado a decisão de pedir
um rei sem sequer pedir a opinião divina. Um profeta deveria ser consultado
pelo povo, não ordenado por ele. Essa postura, porém, é apenas um reflexo da
decisão que os líderes de Israel haviam tomado. Eles queriam um rei. Não
queriam mais que Deus os governasse. Eles desejavam agora receber ordens
de um rei, um jovem e chefe militar, cercado de toda a pompa, não mais de um
profeta velho.
Por
quê? Por que eles se recusaram a receber as direções de Deus e decidiram tirar
a posição de Rei de Israel do Todo-Poderoso para dá-la a um humano qualquer? A
própria fala deles revela a razão. Eles queriam um rei como todas as nações. Em
outras palavras, eles estavam cansados de ser diferentes.
A
mesma tentação à qual os israelitas sucumbiram, continua presente na vida dos
cristãos até hoje. Às vezes é ruim ser o único dos seus colegas que não
vai para o barzinho depois do expediente. O único que não fica olhando para o
corpo da mulher do outro. A única que não fala mal do marido. O único casal de
namorados da turma que não tem relações sexuais. Talvez você não seja o único,
porque existem outros cristãos que convivem com você, mas, mesmo assim, em
muitos contextos ainda somos minoria. Não é fácil se manter firme fazendo parte
da minoria. Somos seres sociáveis, queremos nos entrosar, queremos ser aceitos
no grupo. Isso é particularmente desafiador na juventude. O impulso de seguir o
grupo faz com que muitos se desviem nessa fase da vida.
Porém,
a tentação de ser normal não se resume a isso. Também queremos, dentro da
igreja, ser igual aos demais. Queremos ter as mesmas opiniões, as mesmas
posturas e as mesmas práticas que todos os outros. Muitas vezes seguimos, sem
questionar, o padrão deixado pelos nossos pastores e líderes. Não me entenda
mal. Devemos seguir os bons exemplos que temos ao nosso redor. Porém, ainda que
o seu pastor pregue muito bem, você precisa pregar exatamente como ele? Será
que Deus precisa de duas pessoas que preguem do mesmo jeito? Só porque os
outros estão fazendo a vontade de Deus, não quer dizer que precisamos
copiá-los. Deus tem um plano exclusivo para você. Deus nos chama a sermos
diferentes.
O
Senhor está procurando pessoas que estejam dispostas a pensar fora da caixa. A
fazer o que ninguém mais está fazendo. Questionar o que outros não questionam.
Ir aonde outros não vão. Ao invés de seguir o modelo dos outros, devemos seguir
a direção particular de Deus a nós. Somente assim nossa vida haverá de fazer a
diferença nesse mundo. Afinal, fazer o que todos fazem pode até não ser errado,
mas certamente é irrelevante.
Nossa
oração não deve ser como a dos líderes de Israel que falaram com Samuel. Deve
ser como a de Moisés: “Então Moisés lhe
respondeu: Se não fores com teu povo, não nos faças sair deste lugar. Como é
que os outros povos poderão saber que estás contente com o teu povo e comigo,
se não fores conosco? A tua presença
é que mostrará que somos diferentes dos outros povos da terra” (Ex 33.15-16
NTLH- Grifo meu)
Deus
estava com o povo de Israel na época de Samuel, mas eles não queriam mais as
direções de Deus, só as suas bênçãos. No caso de Moisés foi o contrário. Deus
disse que iria embora, porém os abençoaria com a posse da terra prometida.
Moisés orou dizendo que só a benção de Deus não era o bastante. Ele queria a
companhia e a direção de Deus.
Quem você
deseja imitar: os líderes de Israel ou Moisés? Você deseja
ser como todos os demais ou diferente?
Bráulio
Brandão / Lagoinha.com
Por
Litrazini
http://www.kairosministeriomissionario.com/
Graça
e Paz
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