"Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!" [Filipenses 4.4]

sábado, 13 de fevereiro de 2016

FÉ É A VIDA DA ALMA DO CRISTÃO

Há uma antiga parábola indiana de três cegos que encontraram um elefante que permite ser tocado por eles. Um deles, segurando a tromba do elefante, afirma: “Essa criatura é longa e flexível como uma cobra”. O outro, sentindo a largura e grossura da perna, retruca: “Não, é o tronco de uma árvore”. O terceiro, apalpando o lado do elefante, confirma convicto: “É larga e plana como uma parede”. Na verdade, essa história não poderia ser contada por qualquer um dos cegos, mas somente por aquele que contemplasse a cena.

Da mesma forma cada um de nós conhece ou compreende apenas uma parte da realidade. Quando se trata de verdade, ninguém enxerga o elefante por inteiro, nem tem uma visão compreensiva do todo. Talvez nós, míopes e cegos como somos diante da realidade, devamos nos ajudar uns aos outros a ouvir a Deus, juntando as diversas partes do quebra-cabeça.

Na espiritualidade cristã, não existe nada mais essencial que a fé! “Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1 Jo 5,4). A fé é a mãe de todas as virtudes, a rainha-mãe de todas as dádivas que nos foram dadas por Deus.

Outras virtudes, presentes e dons como o amor, a esperança, a paz e a alegria são filhos da fé e ajudam no crescimento e na transformação; mas pela fé somos justificados perante Deus. Nem amor, justiça, boas obras, arrependimento, pensamento positivo, cultos, campanhas, missão, ação social, nem a comunhão da igreja justificam, mas sim a fé. Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, (Rm 5,1). A fé é a graça que Deus usa para nos salvar.

Além disso, a fé é a autêntica energia espiritual que pulsa e dá vida à alma do cristão. Quando Jesus advertiu Pedro:“Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos peneirar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lc 22, 31-32). Nessa situação, nosso Senhor declarou uma verdade central: Ele sabe que quando a fé se quebra, os fundamentos da vida espiritual cedem e toda a estrutura da experiência cristã perde a força e desmorona.

A fé estrutura os pilares que fundamentam o caráter cristão; ela cobre seus defeitos, protegendo-o dos dardos inflamados do diabo, como um poderoso escudo militar (Ef 6,16). A fé de Pedro precisava de proteção. Daí o pedido de Cristo que visava ao bem-estar do seu discípulo e ao fortalecimento de sua fé.

Em sua segunda epístola, Pedro tem essa ideia em mente quando trata do crescimento na graça como uma medida de segurança para a vida cristã: “E por isso mesmo, vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade” (2 Pe 1,5-6). Pedro não solicitou que seus leitores buscassem poder, influência, dons, competências, virtudes ou obras, mas fé. A fé era o fundamento sobre o qual todas as outras coisas estavam sendo construídas.

Nas expressivas palavras do pregador Charles Spurgeon: “Fé é o fogo que consome o sacrifício. A fé é a água que alimenta a raiz da piedade. Se você não tem fé, todas as suas graças devem morrer. E na proporção em que aumenta a sua fé, assim todas as suas virtudes serão reforçadas, não todos na mesma proporção, mas todos em algum grau”. [1] A fé é a roda mestra, o agente principal, o eixo central que põe em execução todos os sonhos e planos. Sentada no trono do coração, a fé guia e sustenta todas as suas decisões. Fé é o timão que dá direção ao barco da vida: é a inteligência da alma.

Portanto, a fé é um elemento por demais precioso na formação do caráter do cristão. Jesus é o caminho para Deus, mas fé é o caminho para Cristo. John Flavel, um pregador presbiteriano inglês do século 17, descreveu a existência humana nas seguintes palavras: “a alma é a vida do corpo; a fé é a vida da alma; Cristo é a vida da fé”. [2]

Sabemos que o amor é a principal graça no reino de Deus, mas enquanto estivermos aqui neste mundo, o amor caminhará ao lado da fé. Mesmo que o amor represente a coroação no céu, a fé será a graça que conquistará a terra. E embora o amor tome posse da glória eterna, a fé lhe dará o título de posse a ela.

Precisamos de fé, pois é uma ordenança divina indispensável, uma tremenda necessidade pessoal e um conceito urgente e imprescindível para quem vive a realidade contemporânea, complexa e cínica do século 21.

A FÉ VÊ O INVISÍVEL, CRÊ NO INCRÍVEL E RECEBE O IMPOSSÍVEL. A FÉ É PRECIOSA AOS OLHOS DE DEUS!


[2] Joel Beeke, Puritan Reformed Spirituality, Evangelical Press, 2006, p. 383

Rubens Muzio

Por Litrazini

Graça e Paz

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