"Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!" [Filipenses 4.4]

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O QUE OS RELIGIOSOS CUSTAM A ENXERGAR

Uma das parábolas mais famosas de Jesus é a chamada “O Filho Pródigo”, que aparece no capítulo 15 do livro de Lucas. Dar um nome tão inapropriado para essa parábola reflete muito da condição religiosa dos estudiosos que deram esse título, como a minha e a sua também.

Pra começar, a parábola fala de dois filhos e não só de um, e fala de um filho gastão (pródigo) e de outro pão duro (avarento). Um deles expõe sua vontade; já o outro a deixa implícita. O filho mais novo é o profano e o mais velho, o religioso.

Por que será que só lembramos do primeiro filho? Por que, na maioria das vezes, pregadores se atêm ao filho profano? Porque somos uma geração perdida na religiosidade, uma geração que fecha a porta do Reino do Céu para os outros. Mas nós mesmos não vamos conseguir entrar por ela.

O contexto literário do capítulo mostra que Jesus está sentado e ensinando aos pecadores mundanos, e que isso incomodou muito os líderes religiosos, a ponto de questionarem o ministério de Cristo.

Jesus tenta explicar com três parábolas exatamente o que nos faz esquecer do irmão mais velho na terceira delas: que os religiosos estão mais perdidos dos que os pecadores mundanos!

Na parábola, os dois filhos querem um relacionamento ou de senhores (patrões) ou de servos (empregados), e essas duas formas de se relacionarem não são as formas oferecidas pelo pai.

O filho mais novo, ao pedir metade da herança do pai em vida, mostra que não conhece a generosidade do pai e, de forma explícita, que não queria nem esperar o pai morrer para usar a sua grana. O filho mais velho, ao criticar o pai por dar uma festa com o dinheiro da outra parte da herança, mostra que não conhecia a generosidade do pai e, de forma implícita, que também estava interessado no dinheiro e não no pai em si.

A mesma coisa acontece quando o filho mais novo decide voltar para a casa do pai. Por não ter a mínima ideia do amor do pai, pede para ser tratado como servo dele. Isso também acontece com o filho mais velho: por não conhecer o amor do pai, não quer entrar na festa e “lembra” que tem trabalhado como escravo por anos para ele.

Os dois são filhos amados de um pai generoso, mas não conseguem ser o que foram criados para serem. Eles têm um distúrbio (pecado) que sempre os leva a quererem se colocar como senhor ou como servos na casa do pai.

É isso que Jesus estava querendo mostrar ao contar a parábola: que todo mundo está desviado – os profanos e os religiosos. Os que estão longe da casa estão desviados de forma explícita, e os que estão trabalhando na casa estão desviados de forma implícita. Mas todos precisam de salvação, de um pai amoroso e generoso, de um pai que sai da casa ao encontro dos filhos e os chamam para uma festa.

A mesma festa do pastor que encontrou uma ovelha e deixou as noventa e nove que não tinham do que se arrepender. A mesma festa da mulher que encontrou uma moeda e deixou de lado as outras nove.

A mensagem de Jesus está bem clara nas três parábolas seguidas. Mas parece que não conseguimos enxergar a mensagem. Damos foco na ovelha que se perdeu e não nas outras, que no final da parábola não estavam com o pastor na festa; lembramos da moeda achada e esquecemos das outras noves; ficamos com o filho profano e esquecemos do religioso, que não sabemos sequer se participou da festa oferecida pelo pai.

Três parábolas para mostrar o que, vendo, nós não vemos, e, ouvindo, não ouvimos nem entendemos. A forma mais perigosa de se estar perdido é a religiosa. Ela é tão ruim como a outra, com o agravante de ser implícita… poucos conseguem ver e perceber. E, pelo jeito, os líderes religiosos que ouviram-na pela primeira vez também não conseguiram.

E você? Entendeu a mensagem ou vai preferir acreditar que Jesus está falando com outra pessoa?

Marcos Botelho

Por Litrazini

Graça e Paz

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