“Eu
sou a videira verdadeira, vós, os ramos; quem está em mim, e eu nele, este dá
muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer” (João 15.1-16).
Nesta parábola ou alegoria, Jesus se
descreve como “a videira verdadeira” e aqueles que se tornaram seus discípulos,
como “os ramos”. Ao permanecerem ligados nEle como a fonte da vida, frutificam:
Deus é o lavrador que cuida dos ramos, para que deem fruto (vv.2, 8). Deus
espera que todo cristão dê fruto.
Jesus
fala de duas categorias de ramos: infrutíferas e frutíferas.
(1) As varas que cessam de dá fruto são as que já não têm em si a vida
que provém da fé perseverante em Cristo e do amor a Ele. A essas varas o Pai tira,
i.e., ele as separa da união vital com Cristo (cf. Mt 3.10). Quando cessam de
permanecer em Cristo, Deus passa a julgá-las e a rejeitá-las (v. 6).
(2)
As varas que dão fruto são as que tem vida em si por causa da sua perseverante
fé e amor para com Cristo.
A essas varas o Pai limpa, poda, a fim de ficarem mais frutíferas. Isso quer
dizer que ele remove de suas vidas qualquer coisa que desvia ou impede o fluxo
vital de Cristo. O fruto é o caráter cristão, como qualidades, que no crente
glorifica a Deus, mediante sua vida e seu testemunho (ver Mt 3.8; 7.20; Rm
6.22; Gl 5.22,23; ef 5.9; Fp 1.11).
(3)
Quando uma pessoa crê em Cristo e recebe o seu perdão, recebe a vida eterna e o
poder de estar ou permanecer nEle. Tendo esse poder, o cristão precisa aceitar sua
responsabilidade quanto à salvação e permanecer em Cristo. Assim como o ramo só
tem vida enquanto a vida da videira flui no ramo, o cristão tem a vida de
Cristo somente enquanto esta vida flui nele pela sua permanência em Cristo. A palavra grega aqui é
meno, que significa “continuar”, “permanecer”, “ficar”, “habitar”.
As condições mediante as quais permanecemos em Cristo são:
(a) conservar a Palavra de Deus
continuamente em nosso coração e mente, tendo-a como guia das nossas ações (v.
7);
(b) cultivar o hábito da comunhão
constante e profunda com Cristo, a fim de obtermos dEle forças e graça (v.7);
(c) obedecer aos seus mandamentos e permanecer no seu
amor (v.10) e amar uns aos outros (vv. 12, 17);
(d) conservar nossa vida limpa,
mediante a Palavra, resistindo a todo pecado, ao mesmo tempo submetendo-nos à
orientação do Espírito Santo (v. 3; 17; Rm 8.14; Gl 5.16-18; Ef 5.26; 1 Pe
1.22).
(4)
A alegoria da videira e das varas deixa plenamente claro que Cristo não admitia
que “uma vez na videira, sempre na videira”. Pelo contrário, Jesus nessa alegoria faz aos seus
discípulos uma advertência séria, porém amorosa, mostrando que é possível um
verdadeiro cristão abandonar a fé, deixar Jesus, não permanecer mais nEle e por
fim ser lançado no fogo eterno do inferno (v. 6).
Temos aqui o princípio fundamental que
rege o relacionamento salvífico entre Cristo e o crente, a saber: que nunca é
um relacionamento estático, baseado exclusivamente numa decisão ou experiência
passada. Trata-se, ao contrário de um relacionamento progressivo, à medida que
Cristo habita no crente e comunica-lhe sua vida divina (Cl 3.4; 1 Jo 5.11-13).
Três
verdades importantes são ensinadas nesta passagem.
(a) A
responsabilidade de permanecer em Cristo recai sobre o discípulo.É esta a nossa maneira de
corresponder ao dom da vida e ao poder divinos concedidos no momento da
conversão.
(b)
Permanecer em Cristo resulta em Jesus continuar a habitar nós (v. 4a); frutificação do
discípulo (v.5); sucesso na oração (v. 7); plenitude de alegria (v.11);
(c) As
consequências de o cristão deixar de permanecer em Cristo são a ausência de
fruto (vv. 4,5), a separação de Cristo e a perdição (vv. 2a, 6).
“Pedirdes o que quiserdes” - O segredo de resposta à nossa
oração é permanecer em Cristo. O
princípio que Cristo ensina aqui é que, quanto mais perto o homem vive de
Cristo, pela meditação, estudo das Escrituras e comunhão com ele, tanto mais
suas orações estarão em harmonia com a sua natureza e as suas palavras e,
portanto, mais eficazes serão essas orações.
“Permanecei no meu amor” – O cristão deve viver na atmosfera do
amor de Cristo. Jesus,
a seguir declara que isso se dá quando guardamos seus mandamentos.
“Para que vades e deis fruto” –
Todos os cristãos são escolhidos “do mundo” (v.19) para “dar fruto” para Deus
(vv. 2,4,5,8).
Essa frutificação se refere
(1) às virtudes espirituais como as
mencionadas em Gl 5.22,23 – amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão, temperança (cf. Ef 5.9; Cl 1.10: Hb 12.11; Tg 3.18); e
(2) à conversão a Cristo, doutras
pessoas (Jo 4.36; 12.24).
Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal
Por Litrazini:
Graça e Paz
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