A
unção (com azeite) é um dos mais antigos costumes israelitas. Trata-se,
provavelmente, da herança de culturas anteriores à hebraica, pois encontramos
Jacó ungindo uma pedra, quando, fugindo de seu irmão Esaú, que buscava matá-lo,
sonhou com uma escada através da qual subiam e desciam anjos, e Deus lhe fez
promessas. Jacó ungiu a pedra que usara como travesseiro, consagrando-a Deus,
em sinal de gratidão (Gn. 28.18 e 31.13).
Reis
e sacerdotes eram ungidos a fim de serem separados para o exercício de seus cargos,
significando que os exerciam em completa submissão a Deus (Êx. 40.13-15; Jz.
9.8 e 1Sm. 9.16).
Os
profetas eram ungidos por Deus, e evidentemente neste caso não entrava o azeite
propriamente dito, mas sim o Espírito Santo, que sobre eles era derramado, como
azeite (Is. 61.1).
Aí
estão dois tipos de unção: a que dedica algo ao Senhor, e a que separa alguém
para seu serviço. Havia uma terceira modalidade, para fins de
embelezamento ou cura. Neste caso, ao azeite de oliveira eram adicionadas
substâncias aromáticas, como aloés, mirra, nardo, ou medicinais, que lhe
acrescentavam o perfume ou as propriedades dessas substâncias (Rt. 3.3).
Esta
unção era usada em sinal de cortesia para com visitantes e sobre os mortos,
para proporcionar a conservação do corpo do ente querido. Encontramos este
tipo de unção no Novo Testamento, quando a pecadora ungiu Jesus na casa de
Simão, o fariseu (Lc. 7.38), quando as mulheres foram ungir o corpo de Jesus e
já não o encontraram no sepulcro (Mc. 16.1) e em Tiago 5.14-15, onde se
recomenda a unção sobre enfermos, para cura, em complemento à oração da fé.
Na
primeira epístola aos Coríntios, Paulo se refere à unção como símbolo do
batismo no Espírito Santo: “Mas o
que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, o qual também
nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações” (1Co. 1.21-22).
Isto significa que agora o derramamento do Espírito se faz em plenitude e sobre
todos que o desejarem e buscarem, e não mais sob medida, como na velha
dispensação da Lei.
No
termo hebraico Messias, que literalmente significa Ungido, traduzido
para o grego como Cristo, veio a significar a sucessão da linhagem de
Davi, sendo Jesus o mais digno deles (SI. 132.10).
A
unção separa o ungido para exercer o seu ofício sagrado.Ao mesmo tempo
o “óleo da alegria” se reserva àqueles que cumprem bem a sua missão
(Hb. 1.9).
Em
Amós 6.6 encontramos um caso em que a unção pode ter significado negativo,
quando o profeta se refere aos que, a despeito dela, praticam atos de vaidade e
injustiça.
Em
tipologia bíblica, a unção aponta para a presença do Espírito Santo na Igreja,
ministrando a ela os dons espirituais (1Jo 2.20-27). Eis aí, portanto, a
obra do perfumista, do qual fluem todos os dons e graças.
Que
ele possa nos ungir para o exercício deste sacerdócio.
Pr.
Paulo Ferreira
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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