“Agora, pois,
já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo“ ( Rm 8.1 )
O sentimento de culpa atormenta-nos a
todos, quer sejamos religiosos ou não. A maneira humana de lidar com a culpa é
a expiação. Os estudiosos da “psiquê” humana asseveram que muitas doenças
físicas e psíquicas, acidentes e frustrações na vida pessoal e profissional são
tentativas de auto-expiação; isto é, uma forma de punição que o sofredor
administra a si mesmo com o propósito de “saldar a dívida” advinda da culpa.
Ora o moralista usa a sua
religiosidade, ou código moral, a fim de reprimir a culpa. Contudo, reprimir,
esconder, projetar ou negar a culpa, não resolve os tormentos com os quais
sofre a mente culpada.
O que se sente “pecador” e
“miseravelmente e desgraçadamente” culpado, por sua vez, busca livrar-se da
culpa mediante a expressão pública das suas faltas. Quase sempre, contudo, este
mecanismo revela-se como uma falsa humildade ou pseudo arrependimento, haja
vista que a autocomiseração também é uma tentativa de auto-expiação.
O caminho para a solução do problema
da culpa é simples! No Evangelho de Jesus Cristo, aliás, tudo é demasiadamente
simples! O início da caminhada depende, contudo, da decisão humana de romper
com seus mecanismos de defesa e de auto expiação e assumir a responsabilidade
pessoal pelas faltas cometidas, transgressões, erros e delitos.
Reconhecer a culpa e a insuficiência
dos nossos esforços de auto expiação é fundamental, mas não é suficiente. A
Palavra de Deus ensina-nos que “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda a nossa injustiça” (I João 1.9).
Confessar, contudo, não é simplesmente
fazer um relato das faltas, como se Deus precisasse ser informado sobre nossos
atos. Afinal, Ele conhece todas as coisas (Hebreus 4.13). Confessar é acima de tudo concordar com Deus no
fato de que meus erros transgridem a Sua vontade, reconhecer que sou merecedor
da condenação, crer que Jesus Cristo se fez condenação em meu lugar, efetuando
o pagamento da minha dívida ao levar sobre si a minha culpa, e decidir
voluntariamente e prazerosamente cumprir a Sua vontade.
Não
existe confissão verdadeira sem arrependimento verdadeiro. Arrependimento é o
reconhecimento da culpa.
É despojar-me das máscaras e das sutilezas auto-expiatórias da repressão e
autocomiseração e crer na obra propiciatória de Cristo. O senso de culpa que
nos leva a Deus nos revela, assim, o seu amor e o seu perdão.
A confissão, fruto de sincero
arrependimento, traz-nos o perdão de Deus; este, por sua vez, vence a culpa e
nos traz a paz! “Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Rm.
5.1)
Por isso o apóstolo Paulo, depois ter
exclamado o desespero causado pela culpa (Romanos 7.21-24), escreveu: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para
os que estão em Cristo“. (Rm. 8.1)
Não obstante a obra de Deus ser
perfeita, o que fora perdoado pode reter na memória a culpa pelos seus erros e
fracassos!
Ainda que perdoado, o cristão pode
viver continuamente acuado pelas lembranças de seus erros, penalizando-se e
sofrendo os danos da auto acusação.
A fé em Cristo, contudo, não apenas
nos livra da condenação, mas também da acusação. “(...) se o nosso coração nos acusar, certamente Deus é maior do que o
nosso coração” (I João 3.20); e ainda: “Pois, para com suas iniqüidades, usarei misericórdia e dos seus
pecados jamais me lembrarei” (Hb. 8.12).
Rev. Ezio Martins de Lima
Por Litrazini
http://www.kairosministeriomissionario.com/
Graça e Paz
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