Eu
acredito que todos os crentes, e também muitos não crentes, conhecem a história
de Jonas. Eu a ouvi quando ainda era garoto. Na ocasião, o que mais me
impressionou foi o fato de Jonas ter sido engolido por um grande peixe. Penso
que essa é a recordação que a maioria de nós tem do livro de Jonas. Quando se
fala em Jonas, pensa-se logo no peixe que engoliu o profeta.
Por
mais impressionante que seja a história do homem engolido por um peixe,
enfatizar esse aspecto da história é se desviar da mensagem do livro de
Jonas, é perder o foco, é fechar os olhos para aquilo que Deus deseja nos
comunicar, é ignorar o mais importante em favor do irrelevante. (Às vezes, até
penso que o nosso inimigo está por detrás dessas “desfocalizações”, sussurrando
nos nossos ouvidos, conspirando contra a correta interpretação da Bíblia,
levando-nos a enfatizar os detalhes e a ignorar a mensagem, conduzindo nos para
o irrelevante para que não consideremos o que é importante.)
A
mensagem central do livro de Jonas não é a desobediência do profeta e nem a
saga do grande peixe. A mensagem central do livro de Jonas é o amor de Deus
pelos ímpios, a sua grande compaixão pelos perdidos, a sua imensa misericórdia
em favor daqueles que estão debaixo de condenação. Por causa da
situação terrível em que se encontravam os ninivitas, Deus lhes enviou o
profeta Jonas com a incumbência de chamá-los ao arrependimento.
O
livro de Jonas começa com a Palavra de Deus vindo a Jonas, chamando-o a pregar
para os ninivitas (Jn 1.1-2); continua com a Palavra de Deus vindo a Jonas,
chamando-o, pela segunda vez, a pregar para os ninivitas (Jn 3.1-2); e termina
com a Palavra de Deus vindo a Jonas, questionando a dureza de coração do
profeta: “Não hei de eu ter compaixão da
grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não
sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?” (Jn
4.11).
Para Deus, o alcance dos não
alcançados é a tarefa primordial do seu povo.
O
povo de Deus foi chamado com o único propósito de glorificar a Deus, levando
outras pessoas a conhecerem a Deus. Essa tarefa é tão prioridade, que o Senhor
mesmo, como se pode ver no livro de Jonas, está disposto a, literalmente, mover
céus e terra, ventos e mares, peixes e plantas, profetas e tudo o mais para que
os perdidos tenham a oportunidade de ouvirem a palavra de Salvação.
Se
por um lado, o livro de Jonas nos mostra o amor de Deus pelos perdidos, por
outro lado, ele nos revela a dureza de coração do povo de Deus. Em todo o
livro, considerando-se todas as pessoas apresentadas, Jonas é o único que
conhece a Deus. Além de ser israelita, membro do povo de Deus, ele é profeta.
Mas, apesar de ser profeta, e, teoricamente tão espiritual, Jonas é relutante
em obedecer a Deus. E daí, diante disso, o livro nos sugere a seguinte
pergunta:
“Se
Jonas, que é profeta, reluta em obedecer a Deus; se Jonas, que é profeta, está
com o coração tão duro e tão apartado da vontade de Deus, qual seria, então, a
situação do povo do Senhor?”.
A
resposta a essa pergunta é óbvia: o povo está tão afastado de Deus quanto os
seus profetas estão afastados de Deus.
Em diversas ocasiões, o livro nos relata que Jonas ouvia a voz de Deus. O problema de Jonas não era
que ele não via os milagres de Deus. Nós lemos que Jonas experimentou milagres
extraordinários da parte de Deus. O problema era que ele estava relutante em
obedecer a Deus.
Jonas
não queria levar a Palavra de Deus aos não alcançados. Jonas não
queria sair do meio do seu povo. Jonas não queria investir no alcance aos
perdidos. Jonas estava com o coração endurecido e insensível aos propósitos
missionários de Deus.
Sem dúvida, a mensagem do
livro de Jonas é uma mensagem bastante atual e relevante para a Igreja de hoje.
Nesse
tempo em que o mundo cresce, a tecnologia se desenvolve, o conforto aumenta, o
individualismo se fortalece, as desigualdades se evidenciam e o pecado reina, o
povo de Deus precisa obedecer ao Senhor, sair da zona de conforto e investir no
alcance dos não alcançados.
Que a Igreja não seja encontrada insensível, ignorando os propósitos do
Senhor e lutando contra Deus. (Gustavo
Borja Bessa)
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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