Desânimo. De onde vem ele?
Às
vezes ele parece um vento seco, árido, soprado de um deserto solitário. E às
vezes algo dentro em nós começa a murchar. Doutras vezes é como uma névoa que
dá calafrios. Gotejando através de nossos poros, ele entorpece o espírito e
obscurece o caminho que está diante de nós.
O que há com relação ao
desânimo que priva nossas vidas de alegria e nos deixa vulneráveis e expostos?
Não
conheço todos os motivos. Não conheço nem mesmo a maioria deles. Conheço, porém,
um dos motivos: Não temos um refúgio. Nestes dias é difícil encontrar abrigos
. . .
Você me entende, pessoas que se dispõem a ouvir. Que são boas para guardar
segredos. E todos nós necessitamos de ancoradouros onde resguardar-nos quando
nos sentimos castigados pelo mau tempo e assolados pela tempestade.
O
bar da vizinhança é, possivelmente, o melhor engodo de substituição que há da
comunhão que Cristo deseja dar à sua igreja. É uma imitação: fornece bebidas
alcoólicas em vez de graça, ilusão em vez de realidade, mas uma comunhão
permissiva, aceitável e envolvente. É inabalável. É democrática. A gente pode
contar segredos às pessoas, e elas geralmente não os passam adiante nem
desejam fazê-lo. O bar floresce não porque em sua maioria as pessoas sejam
alcoólatras, mas porque Deus colocou no coração humano o desejo de conhecer e
ser conhecido, de amar e ser amado, e por isso muitos buscam uma falsificação
pelo preço de algumas cervejas.
De
todo o meu coração creio que Cristo quer que sua igreja seja ...
Uma comunhão onde as pessoas possam vir e dizer: "Estou
afundado'." "Estou
derrotado!" "Tive a minha recompensa!” Deixe-me ser dolorosamente
específico. Para onde você se volta quando sua vida chega ao fundo do poço? Ou
quando você enfrenta um problema embaraçoso . . . talvez até escandaloso.
Do que você necessita quando
as circunstâncias rompem suas frágeis defesas e ameaçam engolfar sua vida com
sofrimento e confusão?
Você necessita de um abrigo. De um ouvinte. De alguém que entenda.
Mas para quem você se volta
quando não há ninguém a quem possa contar seus problemas? Onde encontrar
encorajamento?
Gostaria de chamar sua atenção para um homem que se voltou para o Senhor
vivo e encontrou nele um lugar para descansar e refazer-se. Seu nome? Davi.
Encurralado, ferido pela adversidade, e lutando com uma baixa auto-estima, ele
escreveu estas palavras no seu diário de pesares:
Em ti, ó Senhor, me refugio; nunca
seja eu envergonhado; livra-me pela tua retidão. Inclina para mim os teus
ouvidos,livra-me depressa; sê a minha firme rocha,uma casa fortíssima que me
salve.(Salmo
31:1-2)
Sentindo
falhar as forças e ferido em espírito, Davi clama sua necessidade de
"refúgio". O termo hebraico fala de um lugar protetor, um lugar de
segurança, de garantia, secreto. Ele diz do Senhor que ele — Jeová Deus —
tornou-se seu refúgio. Nele o homem perturbado encontrou estímulo.
Por que necessitamos de
refúgio? Continuando
a leitura deste Salmo, encontro três motivos manifestos:
Primeiro, porque estamos em
angústia e a tristeza nos acompanha.
Tem misericórdia de mim, ó Senhor,
pois estou angustiado; consumidos de tristeza estão os meus olhos, a minha alma
e o meu corpo. A minha vida está gasta de tristeza (vv. 9-10a).
Os
olhos ficam vermelhos de chorar. O peso da tristeza pressiona. A depressão,
essa serpente de desespero, coleia silenciosamente através da porta dos fundos
da alma.
A
depressão é Debilitante, derrotante, profundamente desalentadora. Faz com que
se caminhe cansadamente através Do supermercado, incapaz de se fazer uma
simples escolha, ou de dar o troco correto. Diante de uma casa incrivelmente
bagunçada, pilhas de roupa por lavar, trabalho por fazer, ela nos torna
incapaz de erguer um dedo. Sob seu efeito fico Duvidando de que Deus cuida,
Duvidando em minhas orações, Duvidando mesmo que Deus esteja lá. Sentado, olhos
cravados no espaço, Sinto-me como se estivesse Desesperadamente fora da Raça
humana. Pesado! Mas é por isto que necessitamos de um refúgio.
Segundo, porque somos
pecadores e a culpa nos acusa.
... A
minha força descai por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem (v.
10b). Há vergonha entre essas linhas. Embaraço. "Por minha culpa." Que palavras
duras de sufocar! "Eu sou culpado."
Um
velho pastor inglês disse tudo isso quando escreveu:
Isto
é o mais amargo de tudo - saber que não havia necessidade de sofrimento; que
ele resultou da indiscrição e da inconsistência; que ele é a colheita daquilo
que o próprio homem semeia; que o abutre que se alimenta dos órgãos vitais é
filhote da própria educação do indivíduo. Ai de mim! Isto é sofrimento!'
Correndo
apressado e caçado pela tristeza auto infligida, buscamos desesperadamente um
lugar para esconder-nos. Mas talvez o mais devastador de todos os golpes seja o
desferido por outros.
Terceiro, porque estamos
cercados por adversários e a incompreensão nos assalta.
Por causa de todos os meus inimigos,
fui o opróbrio dos meus vizinhos, e um horror para os meus conhecidos; os que
me viam na rua fugiam de mim. Estou esquecido no coração deles, como um morto;
ou como um vaso quebrado. Pois ouço a murmuração de muitos, terror por todos os
lados; conspiram contra mim e intentam tirar-me a vida (vv. 11-13).
Vê como se trata dos
feridos?
"Espanto
. . . horror ... os que me vêm na rua fogem de mim . . . estou esquecido . . .
tenho ouvido a murmuração . . . terror . . . conspiram contra mim. . . ."
Parece um página do seu diário?
Torturados
pelo murmurar dos outros, sentimo-nos como um rato ferido, sangrando nas
garras de um gato faminto. O pensamento do que os outros andam dizendo é mais
do que aguentamos ouvir. Os boatos (até seu próprio nome horripila) dão o
empurrão final à medida que lutamos por equilíbrio à beira áspera do
desespero.
As pessoas desanimadas não
necessitam de críticos. Elas já estão bastante feridas. Não necessitam de mais
culpa ou de angústia acumulada. Elas necessitam de estímulo. Necessitam de um
refúgio.
Um lugar onde esconder-se e
curar-se.
Alguém
disposto, atencioso, disponível. Um confidente, um companheiro de lutas. Não se
pode encontrar um sequer? Por que não partilhar do abrigo de Davi? Aquele que
ele chamava de Minha Força, Minha Rocha, Castelo Forte, Cidadela, e Torre Alta.
O Refúgio de Davi nunca
falhou. Nem uma vez sequer. E ele nunca se lamentou pelas vezes que deixou cair
sua pesada carga e fugiu para o abrigo. Nem o fará você.
Extraído
do Livro Dê-me Ânimo de Charles R. Swindoll
Por Litrazini
Graça
e Paz
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