Perdoar
não é uma tarefa das mais fáceis para o ser humano. No entanto é mais difícil
ainda perdoar a alguém que amamos, que nos entregamos, uma pessoa em quem
confiamos e nos traiu. Toda decepção machuca, mas o desapontamento causado por
um amigo, um irmão, um amor, nos machuca muito.
O
coração decepcionado pode atirar-nos num estado de decepção e rancor, passando
a abrigar feridas profundas e lembranças amargas, tornando-se difícil para nós
confiarmos de novo em alguém.
Gostaríamos
de evitar os desapontamentos, mas não há como ser feliz sem confiar, e não há
como confiar sem correr o risco da desilusão. Amar é abrir-se, é tornar-se
acessível, é oferecer-se ao encontro, é ficar vulnerável, é arriscar-se.
As
pessoas que foram mais felizes, as que deixaram marcas mais positivas na
história da raça humana, foram as que mais amaram a muitos com muita
intensidade. Foram, também, as que experimentaram o sofrimento e o
desapontamento.
No
momento em que Jesus Cristo mais precisou de seus amigos, eles o abandonaram.
Depois de tudo o que fizera por eles, tudo o que lhes ensinara, tudo o que
passaram juntos, eles o deixaram.
O
Senhor não pode contar com a solidariedade dos discípulos nos momentos mais
difíceis de toda a sua vida. Enquanto o Mestre orava e agonizava no Getsêmani,
eles dormiam (Lc. 22.39-46).
Enquanto ele era preso e agredido pelos soldados, eles fugiam (Mc.
14.43-52). Enquanto as autoridades o inquiriam, eles o negavam (Jo 18.13-27).
Que decepção! Que triste retribuição ao carinho e à confiança do Senhor!
Que recompensa negativa para a sua disposição de morrer no lugar deles na cruz!
Não
obstante, Jesus foi capaz de transformar aquela provação em vitória. Superou
aquele desapontamento sem permitir que isso destruísse seu relacionamento com
os amigos.
Jesus não desanimou porque
ele não esperava o reconhecimento por parte dos homens. Esperava-o de Deus. E o
Pai não decepciona nunca.
Devemos
estar cientes de que o desapontamento é uma das possibilidades em nossos
relacionamentos humanos, já que estamos lidando com pessoas, que, como nós, são
falhas e limitadas.
Quantas vezes não decepcionamos o Senhor? Quantas vezes não desapontamos
nós mesmos?
Assim
também podemos desapontar os outros, ou com eles decepcionarmo-nos. Mas se
vivemos, trabalhamos, amamos e ajudamos, esperando apenas o reconhecimento de
Deus, então a vida se enche de um novo significado. “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e
não para os homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da
herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo.” (Cl. 3.23,24).
Jesus enfrentou a decepção
com ânimo e confiança porque contemplava o Pai. Se os nossos olhos estiverem
firmados em Deus e neles brotarem lágrimas provenientes do abandono, da
ingratidão ou da desilusão. O Senhor as enxugará. Ele é o único do qual podemos
esperar o reconhecimento e o galardão. O único que nunca decepciona. “O que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que renova a
questão, separa os maiores amigos” (Pv. 17.9).
A
amargura pode criar raízes profundas. Amizades podem ser perdidas. O orgulho
cobra um preço alto pela sua manutenção: a nossa infelicidade. “Atentando, diligentemente, por que ninguém
seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura
que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados.” (Hb.
12.15).
“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar
contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, põe sete vezes no
dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier Ter contigo, dizendo: Estou
arrependido, perdoa-lhe” (Lc.
17.3,4).
Deus,
que é rico em perdoar, exorta-nos a que perdoemos também.
Podemos
enfrentar a decepção com os que amamos, sempre tão dolorosa e temida. É só encará-la
com ânimo e confiança, seguir em frente, apesar das dificuldades. É só Ter
disposição de perdoar, tomar a iniciativa, reconquistando ou ganhando o irmão.
Não podemos evitar a
decepção com os que amamos. Mas podemos transformá-la numa experiência positiva
para com Deus, para com o próximo e para conosco.
Podemos
torná-la numa oportunidade de crescimento e enriquecimento pessoal que nos
deixará ainda mais habilitados para as vitórias que nos tem reservado o Senhor.
Lidiomar
T. Granatti
Por Litrazini
Graça e Paz
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