A
doutrina da Trindade [Pai, Filho e Espírito Santo], que foi extremamente
importante na história da igreja, chegou a ser questionada em alguns círculos
teológicos porque algumas pessoas acharam que ela não possuía qualquer
relevância. No entanto, hoje em dia estão surgindo muitos livros sobre essa
doutrina. Por que esse novo interesse pelo assunto? É ainda relevante sustentar
a divindade do Filho e do Espírito? Obviamente que sim!
Se
não dermos a devida importância a essa doutrina, o assunto da expiação
[cancelamento pleno do pecado com base na justiça de Cristo, propiciando ao
pecador a restauração de sua comunhão com Deus] fica totalmente sem sentido.
Se
não há a Trindade, não há encarnação [revestir-se de carne; apresentar-se como
homem]; e se não há encarnação do Verbo [Jesus é chamado de o Verbo], a
expiação torna-se apenas uma apresentação teatral mórbida sem qualquer
significação para nós. Se foi apenas um homem que morreu na cruz em nosso lugar
e em nosso favor, ainda estamos mortos em nossos pecados.
Se
não dermos a devida importância a essa doutrina, o assunto da justificação [ato
de declarar justo] pelo sangue de Cristo fica totalmente prejudicado. As nossas
culpas continuariam conosco, porque um homem simplesmente não pode levar a
culpa de homens, morrendo na cruz, sem condições de ressuscitar por seu próprio
poder.
Se
não houvesse a Trindade, ainda estaríamos com a dívida por pagar. Poderíamos
depender da obra de um homem para ter nossa dívida paga? Porque o Redentor é
Deus-homem, podemos ter cancelada a nossa dívida.
Se
não dermos a devida importância à doutrina da Trindade, o objeto de nossa fé,
Jesus Cristo, é apenas um homem, nada mais. Somente a doutrina da Trindade é
que faz com que vejamos em Cristo o Verbo encarnado.
Por
essas razões, nós, os cristãos, devemos dar uma enorme importância à Trindade,
porque ela está no coração da teologia cristã e no cerne da nossa redenção. Na
história da igreja, homens e mulheres deram muita importância a essa matéria,
porque dela dependem todos os outros elementos da nossa fé.
O
fato é que precisamos conhecer o que de Deus nos foi revelado. Não podemos
pensar simplesmente em utilitarismo ou em pragmatismo [Colocar em prática a
doutrina da Trindade]. Deus não ensinou sobre si para que o usemos para nossos
propósitos ou para o nosso deleite. Deus deve ser crido da forma como ele se
revela. A doutrina da Trindade é de extrema aplicabilidade porque sem ela não
poderia haver a noção de salvação.
Se
Deus não fosse triúno [Pai, Filho e Espírito Santo], o Pai não poderia enviar o
seu Filho. Se alguém tivesse que morrer seria apenas homem e não Deus-homem. Se
não houvesse o Filho para se encarnar [tornar-se homem], o nosso redentor seria
apenas humano. Se fosse apenas humano, ele não poderia morrer pelos pecados de
muitos. Seria apenas um homem substituindo um homem. Os demais seriam
castigados pelos seus pecados.
Se
Deus não fosse triúno, mandando o seu Filho para encarnar-se e morrer pelos
pecados do seu povo, e ele tivesse que sacrificar um ser humano, ele faria
injustiça fazendo com que outro pagasse pelos pecados de outros. No caso de
Jesus Cristo, não foi um outro ser, mas o próprio Ser divino, na pessoa do
Filho, que assumiu as nossas penas. Não foi uma injustiça, porque Deus tomou
alguém que veio de si mesmo, para morrer pelos nossos pecados.
É
porque Deus é triúno que ele pode realizar a nossa tão grande salvação. Doutra
sorte, estaríamos ainda mortos nos nossos delitos e pecados”.
Autor:
Heber Carlos de Campos, “O Ser de Deus e Seus Atributos”, Editora Cultura
Cristã, 1999,
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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