“Fira-me o justo, será
isto uma benignidade; e repreenda-me, isso será como óleo sobre a minha cabeça;
não recuse a minha cabeça…” (Salmo 141.5)
Deus
não quer ver seu povo doente e nem sofrendo, mas há uma espécie de ferida que
produz cura, e essa deve ser praticada pelos cristãos. Ao dizer; “fira-me
o justo”, Davi não falava a respeito de uma ferida física, e sim de uma
emocional. Referia-se ao desconforto (e até mesmo dor) que é produzido pela
repreensão. E, apesar de se referir a algo aparentemente ruim, ele menciona as
bênçãos provenientes desse ato: “e
me será por benignidade;… será como óleo sobre a minha cabeça”.
Todos
precisamos ser ministrados através de outras pessoas, e isto envolve não apenas
ouvir palavras amáveis de encorajamento, mas também, quando necessário,
palavras firmes de repreensão e correção.
Moisés
foi um homem que ouvia a Deus tão claramente, que tinha revelações poderosas
sobre grandes e pequenos detalhes concernentes à condução do povo de Israel.
Entretanto, precisou ser corrigido por seu sogro, e aprendeu dele a importância
de trabalhar com grupos de liderança (Êx 18).
Isto
me fez questionar várias vezes: se Deus falava sobre tanta coisa diretamente
com Moisés, por que não falou acerca disso? Na verdade, falou; só não o fez
diretamente. Deus usou Jetro para que Moisés soubesse que, por maior que fosse
sua intimidade com Ele, por maior que fosse sua sensibilidade para ouvir a voz
divina, ainda assim ele necessitava de pessoas que pudessem corrigi-lo e
instruí-lo, pois ninguém é perfeito ou completo.
Todos
precisamos de pessoas que possam nos ministrar. A Bíblia diz que aquele que se
isola insurge-se contra a verdadeira sabedoria (Pv 18.1). Ninguém pode viver
sozinho recusando-se a ouvir outros.
FERIDAS DE
AMOR
A
Bíblia fala mais sobre esse tipo de “ferida” que o justo deve praticar em
relação àqueles que ama: “Melhor é
a repreensão aberta do que o amor encoberto. Fiéis são as feridas dum amigo,
mas os beijos dum inimigo são enganosos.” (Provérbios 27.5,6)
Muitas
pessoas agem com falsidade, preferido a dissimulação e o fingimento à franqueza
e sinceridade da repreensão. Mas as Escrituras Sagradas declaram que a repreensão
aberta (fruto de amor sincero de uma pessoa franca) é melhor que o amor
encoberto (que não se manifesta por nunca ter coragem de falar a verdade).
Martinho
Lutero, o grande reformador, declarou: “Preferiria que mestres verdadeiros e
fiéis me repreendessem e me condenassem, e até mesmo reprovassem meus caminhos,
a que hipócritas me bajulassem e me aplaudissem como santo”.
Precisamos
aprender a falar a verdade em amor. Adular não leva a lugar algum e impede o
crescimento espiritual de todos. “O que repreende a um homem achará depois
mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua”. (Provérbios 28.23)
A
verdade deve ser dita. Pessoas que amam devem corrigir e repreender os seus
amados. As feridas de amor (provocadas pela repreensão) são mais valiosas que
os beijos da falsidade (do fingimento de quem não quer contrariar ninguém).
Os
apóstolos Paulo e Pedro viveram juntos uma experiência forte neste sentido.
Paulo repreendeu Pedro diante de todos por estar agindo de modo errado quanto
ao jeito de se relacionar com os crentes gentios.
“Quando, porém, Cefas
veio a Antioquia, resisti-lhe na cara, porque era repreensível. Pois antes de
chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas quando eles
chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da
circuncisão. E os outros judeus também dissimularam com ele, de modo que até
Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam
retamente conforme a verdade do evangelho, disse a Cefas perante todos: Se tu,
sendo judeu, vives como os gentios, e não como os judeus, como é que obrigas os
gentios a viverem como judeus?” (Gálatas 2.11-14)
Temos
algo forte descrito neste texto. Paulo referiu-se a Pedro como uma das colunas
da Igreja (Gl 2.9). É evidente que, como um dos doze apóstolos do Cordeiro,
Simão Pedro estava numa posição ministerial mais elevada que Paulo, que mesmo
sendo um apóstolo, não chegou a ser parte dos doze – que têm os seus nomes
escritos nos fundamentos da Cidade Santa (Ap 21.14). Porém, como disse no
início deste estudo, alguém de posição inferior de autoridade pode, baseado na
autoridade da Palavra de Deus, corrigir outro de maior autoridade.
O
apóstolo Paulo orientou seu discípulo Timóteo: “Não repreenda asperamente ao homem idoso, mas exorte-o como se ele
fosse seu pai”(1 Tm 5.1).
Se
fosse errado um filho corrigir o seu próprio pai, Paulo nunca poderia ter dito
isto. Mas se um filho (já com maturidade) precisar fazer isso com seu pai, deve
fazê-lo com tanto carinho e honra, que essa correção se torne o modelo de
respeito a ser manifestado a qualquer pessoa idosa que tenhamos que corrigir.
Pr.
Luciano Subirá
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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