Eu já
pensei que o evangelho fosse simplesmente aquilo que os não cristãos precisam
acreditar para serem salvos, enquanto que nós, os já salvos, devíamos avançar
para águas teológicas mais profundas. Mas eu descobri que “o evangelho não é o
primeiro degrau de uma escada de verdades, mas mais como que um eixo numa roda
de verdades”.
Em outras
palavras, uma vez que Deus salva pecadores, seu plano não é de mantê-los longe
do evangelho, mas movê-los mais profundamente para dentro dele. Toda boa
teologia, na verdade, é uma exposição do evangelho.
Em sua
carta aos cristãos de Colossos, o apóstolo Paulo retrata o evangelho como o
instrumento de todo o contínuo crescimento e progresso espiritual, mesmo depois
da conversão do pecador. “Por todo o mundo”, escreveu Paulo, “esse evangelho está produzindo fruto e
crescimento, da mesma forma como tem acontecido entre vocês desde o dia em que
ouviram o evangelho e entenderam a graça de Deus em toda a verdade” (Cl
1.6). Ele queria dizer que o evangelho não apenas estava se espelhando pelo
mundo, mas estava fazendo os cristãos crescerem.
Depois de
meditar sobre as palavras de Paulo, um amigo me disse que todos os problemas na
nossa vida são devidos à nossa falha em aplicar o evangelho. Isso significa que
nunca conseguiremos crescer se não aprendermos mais amplamente o conteúdo do
evangelho e como aplicá-lo a toda a vida. Verdadeira mudança não vem
independentemente do evangelho.
Deus quer
que as suas Boas Notícias em Cristo nos moldem em todas as áreas e de todas as
formas. Ele redefine a forma como pensamos, sentimos e vivemos. Deus quer que
as suas Boas Notícias em Cristo nos moldem em todas as áreas e de todas as
formas.
Martinho
Lutero costumava empregar a frase “simul justus et peccator” – Simultaneamente
justificado e pecador. Ele entendia que mesmo já tendo sido salvo da penalidade
do pecado, ele estava em constante necessidade de salvação do poder do pecado.
E já que o evangelho é o poder de Deus para a salvação, ele sabia que mesmo
para o mais santo dos santos, o evangelho é totalmente relevante e necessário.
Isso significa que os maiores pregadores precisam do evangelho tanto quando os
mais endurecidos pagãos.
Em seu
livro “O evangelho para a vida real”, Jerry Bridges levanta esse tema – que os
cristãos precisam do evangelho tanto quanto os não cristãos – explicando como a
pobreza espiritual em tanto de nossa experiência cristã é um resultado de
inadequada compreensão da profundidade do evangelho. A resposta não é se
esforçar mais na vida cristã, mas compreender mais completa e claramente a obra
cabal de Cristo pelos pecadores e depois viver em maior reconhecimento dessa
graça dia a dia.
O maior
problema na vida cristã, em outras palavras, não é que não nos esforçamos o
suficiente para sermos bons. É que ainda não aceitamos as profundas implicações
do evangelho e ainda não aplicamos sua poderosa realidade a todas as partes de
nossas vidas.
Entendo
que há dois grandes desafios para os pregadores, aqueles de nós chamados para
anunciar essas boas notícias do evangelho. Primeiro é ajudar as pessoas a
entender que o evangelho não é apenas o início da vida cristã, mas é o
combustível que mantém o cristão crescendo. O segundo desafio, que é muito mais
difícil do que o primeiro, é ajudar as pessoas a compreender como isso
funciona.
Eu tento
vencer o segundo desafio me perguntando regularmente perguntas como esta: Já
que Jesus garantiu meu perdão e absorveu a ira do Pai por mim de tal forma que
“já não há mais condenação para aqueles
que estão em Cristo Jesus”, como isso modifica minha vontade de agradar as
pessoas, meu desejo de aprovação, minha tendência de controlar minha vida e meu
medo do desconhecido?
Em outras
palavras, como a obra acabada de Cristo satisfaz minhas mais profundas
necessidades diárias para que eu possa experimentar o poder libertador do
evangelho?
Se você é
um pregador, então você foi chamado a ajudar as pessoas a fazer a conexão entre
a obra acabada de Cristo e suas vidas diárias. Para fazer isso precisamos
encontrar a verdade do evangelho em todo texto que pregamos de tal forma que
ele exponha tanto os ídolos da cultura quanto os ídolos dos corações.
Cada
sermão deve demonstrar que não dependemos de coisas que nos deem segurança,
aceitação, proteção, afeição, significado e satisfação, coisas que apenas
Cristo pode dar.
Eu oro
para que você, à medida que cresce para um melhor entendimento da extensão e
profundidade do evangelho, você seja recapturado pelo Deus de grande graça que
entregou todas as coisas para que pudéssemos ter tudo.
Tullian
Tchividjian / Traduzido por Gustavo Vilela | iPródigo
Por
Litrazini
Graça e
Paz
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