Rogo-vos,
pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes
chamados,Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns
aos outros em amor, Efésios
4:1-2
Relata a Sra. Teresa, que no seu primeiro dia
de aula parou em frente aos seus alunos da Quinta série primária e, como todos
os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual. No entanto,
ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado
um pequeno garoto chamado Ricardo. A professora havia observado que ele não se
dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e
cheiravam mal. Houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas
vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a
cada professor que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar
conhecimento das anotações feitas em cada ano. A Sra. Teresa deixou a ficha de
Ricardo por último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa.
A professora do primeiro ano escolar de
Ricardo havia anotado o seguinte: Ricardo é um menino brilhante e simpático.
Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito
agradável estar perto dele.
A professora do segundo ano escreveu: Ricardo
é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado
preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos
médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil.
Da professora do terceiro ano constava a
anotação seguinte: a morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele
procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida
será prejudicada se ninguém tomar providências para ajudá-lo.
A professora do quarto ano escreveu: Ricardo
anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos
amigos e muitas vezes dorme na sala de aula.
A Sra. Tereza se deu conta do problema e
ficou terrivelmente envergonhada. Sentiu-se ainda pior quando lembrou dos
presentes de Natal que os alunos lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos,
exceto o de Ricardo, que estava enrolado num papel marrom de supermercado.
Lembra-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam
ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.
Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no
braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco
mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se ainda, que Ricardo lhe
disse que ela estava cheirosa como sua mãe.
Naquele dia, depois que todos se foram, a
professora Tereza chorou por longo tempo... Em seguida, decidiu-se a mudar sua
maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a
Ricardo.
Com o passar do tempo ela notou que o garoto
só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se
animava. Ao finalizar o ano letivo, Ricardo saiu como o melhor da classe. Um
ano mais tarde a Sra. Tereza recebeu uma notícia em que Ricardo lhe dizia que
ela era a melhor professora que teve na vida.
Seis anos depois, recebeu outra carta de
Ricardo contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo
a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela
recebeu uma carta assinada pelo Dr. Ricardo Stoddard, seu antigo aluno, mais
conhecido como Ricardo.
Mas a história não terminou aqui. A Sra.
Tereza recebeu outra carta, em que Ricardo a convidava para seu casamento e
noticiava a morte de seu pai. Ela aceitou o convite e no dia do casamento
estava usando a pulseira que ganhou de Ricardo anos antes, e também o perfume.
Quando os dois se encontraram, abraçaram-se
por longo tempo e Ricardo lhe disse ao ouvido:
- Obrigado por acreditar em mim e me fazer
sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença.
as ela, com os olhos banhados em pranto
sussurrou baixinho:
- Você está enganado! Foi você que me ensinou
que eu podia fazer a diferença, afinal eu não sabia ensinar até que o conheci.
Mais do que ensinar a ler e escrever,
explicar matemática e outras matérias é preciso ouvir os apelos silenciosos que
ecoam na alma do ser humano. Mais do que avaliar provas e dar notas, é
importante ensinar com amor mostrando que sempre é possível fazer a
diferença...
Por
Litrazini:
Graça
e Paz
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