CHEGA UM TEMPO em que, de tão velho, o
carro não nos carrega. Nós é que o carregamos. Dos faróis ao virabrequim e suas
bielas, tudo apresenta desgaste.
A buzina é um gemido. Os limpadores de para-brisa não
funcionam. Os vidros das portas não levantam. A lataria apresenta sinais
visíveis da ação das intempéries.
O motor, resultado de milhares de
quilômetros rodados, já não pega de arranque. Perdeu o pique da arrancada
tempestiva. Precisa de ajuda externa. Em breve estará reduzido a um monte de
ferro velho a ser consumido pelo tempo.
De igual modo, passamos nós por esse
ciclo: nascimento, vida e morte.
"Lembra-te
do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e
cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; antes
que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as
nuvens depois da chuva; no dia em que tremerem os guardas da casa, e se
curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se
escurecerem os que olham pelas janelas; e as duas portas da rua se fecharem por
causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as vozes
do canto se baixarem; como também quando temerem o que está alto, e houver
espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e
perecer o apetite; porque o homem se vai à sua 'eterna casa', e os pranteadores
andarão rodeando pela praça; antes que se quebre a cadeia de prata, e se
despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se
despedace a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito
volte a Deus, que o deu" (Ec 12.1-8).
Chega um tempo em que a vida se torna
um fardo. Quem o diz é o Senhor: "A
duração de nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam
a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e
nós voamos" (Sl 90.10).
O carro velho da vida não funciona como nos tempos da
mocidade. A
luz de nossos faróis perdem a intensidade. Na pele, sinais visíveis da ação
demolidora do tempo.
Os passos tornam-se trôpegos. Os amortecedores e dobradiças do
esqueleto diminuem a celeridade no caminhar. Aos poucos, diminuem os decibéis
da voz.
O coração sinaliza o cansaço. Batendo
em média 80 vezes por minuto, deu cerca de três bilhões de batidas no decorrer
de setenta anos. Damos graças a Deus pela criação de motor tão
resistente.
Que os moços lembrem-se do Criador por toda a vida, e
estejam preparados para os dias de cansaço, antes que se rompa o fio de prata,
e o pó volte à terra e o espírito volte a Deus.
Autor: Pr. Airton Evangelista da Costa
Por Litrazini
Graça e Paz
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