De que adianta, meus irmãos, alguém dizer
que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? [Tiago 2.14]
Muitos
supõem que Tiago e Paulo tinham opiniões diferentes sobre o tema da
justificação, ou, em outras palavras, como os pecadores poderiam ser aceitos e
considerados justos aos olhos de Deus.
Por
conta dessa aparente discórdia teológica, Lutero excluiu a carta de Tiago do
cânon de seu Novo Testamento por considerá-la uma “carta de palha”.
Há
uma aparente discordância entre esses dois apóstolos. Enquanto Paulo ensina que
“o homem é justificado pela fé,
independente da obediência à Lei” (Rm 3.28), Tiago escreve: “Vejam que uma pessoa é justificada
por obras, e não apenas pela fé” (Tg 2.24). Entretanto, ambos citam
Abraão como exemplo, em apoio aos seus argumentos.
A
discordância, no entanto, é mais imaginária que real. Paulo e Tiago exerceram
ministérios diferentes, mas não pregaram uma mensagem diferente. Eles
proclamaram o mesmo evangelho, mas com ênfases distintas. Eles enfatizaram
coisas diferentes porque seus opositores eram diferentes.
Paulo
enfrentou oposição dos judeus legalistas ou judaizantes, que pregavam a
justificação pelas obras, em obediência à Lei. Os oponentes de Tiago, por outro
lado, eram intelectuais judeus, que defendiam a justificação pela fé, mas
baseada numa rígida ortodoxia.
Paulo
insistiu com os judaizantes que a justificação não era pelas obras, mas pela
fé, enquanto Tiago insistiu com os intelectuais que a justificação não dependia
de uma fé ortodoxa (pois os demônios também creem, e estremecem!), mas de uma
fé viva.
Ambos
os apóstolos esclareceram o significado da fé autêntica, a saber, que ela é uma
fé viva, atuante. “Eu lhe mostrarei
a minha fé pelas obras” (Tg 2.18); “a fé que atua pelo amor”, escreveu Paulo (Gl 5.6). Não podemos ser
salvos pelas obras, no entanto, não podemos ser salvos sem elas.
O papel
das obras não é obter a salvação, mas evidenciá-la; não é tentar conseguir a
salvação, mas confirmar que somos salvos. Paulo e Tiago ensinaram que a fé
autêntica produz obras, porém Paulo enfatizou a fé que resulta em obras,
enquanto Tiago enfatizou as obras que resultam da fé. Ambos concordavam que a
fé sem obras é morta.
Que aproveita se alguém disser que tem
fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E,
se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e
fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito
virá daí?
Assim também a fé, se não
tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu
tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei
a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus;
fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem. Mas,
ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura
o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o
altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as
suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada.E
cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado
como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
Vedes então que o homem é
justificado pelas obras, e não somente pela fé.E de igual modo
Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os
emissários, e os despediu por outro caminho? Porque, assim
como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tg.2.14-26)
Retirado
de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora Ultimato.
Por
Litrazini
http://www.kairosministeriomissionario.com/
Graça
e Paz
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