Ao passar, Jesus viu um
cego de nascença (Jo 9.1)
JESUS
ENXERGAVA AS DEFORMIDADES FÍSICAS — as costas corcundas por 18 anos da mulher
encurvada (Lc 13.11), a mão atrofiada daquele homem que estava na sinagoga (Lc
6.6), as pernas imóveis por 38 anos do paralítico do tanque de Betesda (Jo
5.5), os olhos baços do cego de nascença (Jo 9.1), o rosto sem a orelha direita
do servo do sumo sacerdote (Lc 22.50).
JESUS
ENXERGAVA OS TRANSTORNOS COMPORTAMENTAIS — a nudez e a violência
do endemoninhado de Gerasa, que vivia nos sepulcros, gritava sem parar e
cortava-se com pedras (Mc 5.1-5).
JESUS ENXERGAVA
A TRISTEZA INTERIOR —
a dor daquela mulher que já havia perdido o marido e agora estava sepultando o
único filho (Lc 7.13), e as lágrimas da irmã e dos amigos de Lázaro, sepultado
quatro dias antes (Jo 11.33). Duas vezes, Jesus perguntou a Maria Madalena: “Mulher, por que está chorando?” (Jo
20.13, 15).
JESUS
ENXERGAVA O VAZIO EXISTENCIAL — ao encontrar-se com aquela samaritana
que já havia vivido com cinco maridos e estava ligada ao sexto, o Senhor lhe
disse solenemente: “Quem beber desta
água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá
sede” (Jo 4.13-14). Este vazio acontece quando a pessoa não sabe de
onde veio nem para onde vai, corre atrás de tudo e não tem nada, experimenta
tudo e nunca se satisfaz. Jesus teve compaixão daquela multidão de homens e
mulheres famintos “porque eram como
ovelhas sem pastor” (Lc 9.10-17). A sede da alma é mais intensa do que
a sede do corpo. O vazio existencial é mais doloroso do que o vazio estomacal.
JESUS
ENXERGAVA A PRESSÃO DA CULPA – a mulher pecadora que ele havia
perdoado, cheia de gratidão, não se conteve e entrou sem ser convidada na casa
de Simão, o fariseu, e fez tudo o que o seu coração desejava: lavou os pés do
Senhor com suas lágrimas, enxugou-os com seus cabelos, beijou-os e, por último,
os ungiu com o perfume que trazia num frasco de alabastro. Embora fosse uma
cena inusitada, Jesus não interrompeu o ritual da mulher e ainda a defendeu,
explicando ao seu anfitrião que “aquele
a quem pouco foi perdoado, pouco ama”. E ainda se dirigiu à vista de todos
à mulher, dizendo-lhe três coisas: “Seus pecados estão perdoados”, “sua fé a
salvou” e “vá em paz” (Lc 7.36-50).
O
mesmo aconteceu com outra mulher em situação bastante complicada, que tinha
sido surpreendida em adultério (portanto não tinha como se defender) e caído
nas mãos dos implacáveis fariseus. Felizmente, ela foi levada a Jesus, que,
depois de desmoralizar e mandar embora os acusadores da mulher, disse-lhe mais
ou menos as mesmas três palavrinhas ditas à ex-“pecadora”: “Eu também não a condeno”, “agora vá” e
“abandone sua vida de pecado” (Jo 8.1-11).
Ninguém
suporta o peso continuado (“dia e noite”) da mão do Senhor, cujo propósito é
conduzir o culpado à confissão e ao abandono do pecado (Sl 32.1-5).
Transcrito
Por Litrazini
Graça
e Paz
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