Assim, pois, qualquer
de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo. Lc.14.33
“Vai, vende tudo o que
tens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu”. Nunca poderemos
saber o que poderá ter pensado o moço rico, quando com o semblante
entristecido, retirou-se da presença de Cristo.
Em
toda a parte do Evangelho ressoa a palavra renúncia. Ela está presente a partir
da encarnação e segue até a cruz. É a renúncia que levou o Filho de Deus à
manjedoura, o fez crescer em condição humilde, o conduziu em peregrinação pelas
terras áridas da Palestina e o colocou finalmente, perante Pilatos.
Ele
renuncia aos exércitos de anjos para que o livrem. Ele renuncia seu poder sobre
a vida e se deixa matar. E é neste renunciar tudo que Ele chega ao ponto mais
baixo da humilhação, para depois ser feito Senhor e Cristo. Não existe maior
descrição de eventos causadas pela renúncia, do que a feita por Paulo em Fp
2.6-11.
MAS PORQUE
É PRECISO RENUNCIAR?.
primeiramente
porque a vontade humana é rebelde e contrária à vontade divina. Por isso
o “faça a sua vontade, assim na terra como no céu” precisa ser
entendido como uma confissão de renúncia, e não como uma simples cláusula do
“Pai Nosso”.
Importa
renunciar porque por si mesmo a pessoa se apega a isso ou a aquilo, amarrando
sobre si pessoas e coisas que o impendem de dedicar-se inteiramente a Deus.
Devemos nos libertar das teias que nos impedem a plena dedicação de que nos
fala Hb 12.1.
Porque
é condição primordial para todos aqueles que desejam ser verdadeiros discípulos
de Jesus. Ele mesmo diz que o discípulo não está acima de seu mestre, e impõe
uma condição essencial: negue-se... renuncie.. e será discípulo de Jesus. (Mt
11.29-30 e Lc 9.23).
OS
IMPEDIMENTOS A RENUNCIAR:
É
fácil considerar que é preciso renunciar para ser cristão, segundo a
determinação de Jesus: TUDO. Por ser um Reino absoluto e absolutista o
Reino de Deus não admite qualquer concorrente que lhe roube o amor, o interesse
e envolvimento humano. (Ex 20.3 e Mt 10.37).
APEGO ÀS
PRIORIDADES PORTÁVEIS: a ânsia pela posse de bens, qualquer que seja a sua
natureza, toma conta de tal maneira do coração humano que ele esquece de tudo o
mais, especialmente dos princípios de justiça da igualdade e dos valores
superiores (Mt 6.33).
LIGAÇÕES
SENTIMENTAIS: podem
as ligações sentimentais legítimas do ser humano constituírem-se impedimentos
a ser renunciado? Certamente que sim. Jesus se referiu à família como tropeço
para isto. Os amigos e qualquer laço de amizade, que assume todo o nosso
sentimento de afeto e carinho maior do que oferecemos a Deus, precisa ser
renunciado.
AS NOSSAS
OPINIÕES E VONTADES:
aquele que impõe sua opinião ou vontade, como se fosse o dono da verdade, o
soberano, etc. precisa renunciar o seu EGO e render-se a Cristo para que a
vontade de Deus domine a sua. É preciso que a nossa vontade se harmonize com a vontade
de Deus que é perfeita, boa e agradável.
AS ATITUDES INTERIORES
E EXTERIORES: todas
as atitudes que são incompatíveis com o Reino de Deus devem ser renunciadas. O
orgulho, a vaidade e o preconceito são talvez a raiz da maioria das obras da
carne (Gl 5.19-20).
Basicamente
o cristão terá que renunciar ao controle do seu “eu” para não sucumbir-se as
manifestações que voltam contra o Espírito de Deus. Para que seus próprios
interesses e desejos não façam de si mesmo o centro de tudo e o mais alto de todos
os valores. Assim será preciso render-se totalmente a Cristo e entregar a Ele o
controle de todas as coisas, para não satisfazerem seus particulares interesses
e sim os interesses do Reino de Deus.
É
somente quando isso acontece que a pessoa é capaz de esquecer de tudo o mais e
estar pronta aos sacrifícios que o Reino exige. Só assim se compreenderá a
disposição de oferecer-se à própria morte, renunciado assim aquilo que lhe
permite todas as suas opções, isto é, a vida.
Por
isso é que Jesus, em exigência final, diz estar pronta a pessoa para renunciar
ao pai, a mãe, mulher, filhos, irmãos, etc, e ainda mais: é preciso
estar pronto a dar... “ainda a sua própria vida”(Lc 14.26) para poder ser
discípulo de Jesus.
Transcrito
Por Litrazini
Graça
e Paz
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