As línguas utilizadas no registro da revelação
de Deus, a Bíblia, vieram das famílias de línguas semíticas e indo-européias.
Da família semítica ge originaram as línguas básicas do Antigo Testamento, qual
sejam o hebraico e o aramaico (siríaco). Além dessas línguas, o latim e o grego
representam a família indo-européia. De modo indireto, os fenícios exerceram um
papel importante na transmissão da Bíblia, ao criar o veículo básico que fez
que a linguagem escrita fosse menos complicada do que havia sido até então:
inventaram o alfabeto.
AS LÍNGUAS DO ANTIGO TESTAMENTO.
O ARAMAICO ERA A LÍNGUA DOS SÍRIOS, tendo sido usada em todo o período do Antigo Testamento. Durante o
século VI a.C, o aramaico se tornou língua geral de todo o Oriente Próximo. Seu
uso generalizado se refletiu nos nomes geográficos e nos textos bíblicos de
Esdras 4.7 — 6.13; 7.12-26 e Daniel 2,4 — 7.23.
O HEBRAICO É A LÍNGUA PRINCIPAL DO ANTIGO TESTAMENTO, especialmente adequada para a tarefa de criar uma ligação entre a
biografia do povo de Deus e o relacionamento do Senhor com esse povo. O
hebraico encaixou-se bem nessa tarefa porque é uma língua pictórica.
Expressa-se mediante metáforas vividas e audaciosas, capazes de desafiar e
dramatizar a narrativa dos acontecimentos. Além disso, o hebraico é uma língua
pessoal. Apela diretamente ao coração e às emoções, e não apenas à mente e à
razão. É uma língua em que a mensagem é mais sentida que meramente pensada.
AS LÍNGUAS DO NOVO TESTAMENTO.
As línguas semíticas também foram usadas na
redação do Novo Testamento. Na verdade, Jesus e seus discípulos falavam o
aramaico, sua língua materna, tendo sido essa a língua falada por toda a
Palestina na época. Enquanto agonizava na cruz, Jesus clamou em aramaico: "... Eli, Eli, lema sabactâni, que
quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt
27.46).
O hebraico fez sentir mais sua influência
mediante expressões idiomáticas que mediante declarações dessa natureza. Uma
dessas expressões idiomáticas do hebraico traduzidas em português de diversas
maneiras é "e sucedeu que".
Outro exemplo da influência hebraica no texto
grego, vemos no emprego de um segundo substantivo, em vez de um adjetivo, a fim
de atribuir uma qualidade a algo ou a alguém. Como exemplo citamos as
expressões: "obra da vossa fé;
do vosso trabalho de amor, e da vossa firmeza de esperança" (1Ts
1:3).
Além das línguas semíticas a influenciar o Novo
Testamento, temos as indo-européias, o latim e o grego. O latim influenciou ao
emprestar muitas palavras, como "centurião", "tributo" e
"legião", e pela inscrição trilíngüe na cruz (em latim, em hebraico e
em grego).
No entanto, a língua em que se escreveu o Novo
Testamento foi o grego. Até fins do século XIX, cria-se que o grego do Novo
Testamento era a "língua especial" do Espírito Santo, mas a partir de
então essa língua tem sido identificada como um dos cinco estágios do
desenvolvimento da língua grega. Esse grego coiné era a língua mais amplamente
conhecida em todo o mundo do século I. O alfabeto havia sido tomado dos
fenícios. Seus valores culturais e vocabulário cobriam vasta expansão
geográfica, vindo a tornar-se a língua oficial dos reinados em que se dividiu o
grande império de Alexandre, o Grande.
O aparecimento providencial dessa língua, ao
lado de outros desenvolvimentos culturais, políticos, sociais e religiosos,
durante o século I a.C, fica implícito na declaração de Paulo: "Mas vindo
a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei” (Gl4.4)
O grego do Novo Testamento adaptou-se de modo
adequado à finalidade de interpretar a revelação de Cristo em linguagem
teológica. Tinha recursos linguísticos especiais para essa tarefa por ser um
idioma intelectual. Era um idioma da mente, mais que do coração, e os filósofos
atestam isso amplamente. O grego tem precisão técnica de expressão não
encontrada no hebraico. Além disso, o grego era uma língua quase
universal.
A verdade do Antigo Testamento a respeito de
Deus foi revelada inicialmente a uma nação, Israel, em sua própria língua, o
hebraico. A revelação completa, dada por Cristo, no Novo Testamento, não veio
de forma tão restrita. Em vez disso, a mensagem de Cristo deveria ser anunciada
no mundo todo: "... em seu nome se pregará o arrependimento e a
remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém" (Lc
24.47).
Extraído do Livro Introdução Bíblica - Como a
Bíblia chegou até nós de Norman L. Geisler ; William E. Nix / Por Litrazini
Graça e
Paz
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