A
primeira menção à nuvem que acompanhou o povo de Israel durante toda a
peregrinação no deserto se encontra em Êxodo 13.21-22, onde está escrito:
“E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar
pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que
caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem,
de dia, nem a coluna de fogo, de noite”.
Três
coisas são merecedoras de destaque nesse texto:
Em primeiro lugar – é dito que o SENHOR (YAVÉ) IA
ADIANTE DO POVO EM MEIO À COLUNA DE NUVEM/FOGO. Ou seja, aquela não
era uma nuvem comum, mas uma verdadeira manifestação divina, um sinal
miraculoso permanente que certificava o povo de que Deus estava presente. Visto
que a nuvem acompanhou o povo e “nunca se retirou” de diante dele, pode-se
dizer que a presença de Deus esteve sempre visível para o povo ao longo da
jornada.
Ao
mesmo tempo em que é maravilhoso pensar nisso, deve também causar-nos espanto
que o povo tenha tantas vezes ofendido a Deus com suas murmurações, idolatrias
e toda sorte de pecados praticados bem diante da presença do Senhor manifesta
no meio deles!
Como
puderam não temer aquela espécie de teofania? Como puderam ser tão indiferentes
a ela, visto que “todo o povo via a coluna de nuvem” (Êx 33.10; 40.38)? Como
bem disse o Senhor a Moisés, “Tenho
visto a este povo, e eis que é povo de dura cerviz” (Ex 32.9). Quando a
dureza do coração é tão grande, o homem não teme pecar diante da presença do Senhor!
Em segundo lugar – A NUVEM TINHA
FORMATO DE COLUNA (posição vertical) e embora esse texto pareça
sugerir que à noite o fenômeno era outro (“coluna de fogo”), na verdade,
tratava-se da mesma nuvem do dia, mas que em meio à escuridão da noite revestia-se
de refulgente luz, à semelhança do fogo. O texto de Número 9.15 e 16 deixa isso
ainda mais claro:
“No dia em que foi levantado o tabernáculo, a nuvem cobriu o
tabernáculo, a saber, a tenda do testemunho. E, à tarde [isto é, ao final da tarde], estava sobre o tabernáculo uma aparência
de fogo até a manhã seguinte. Assim acontecia sempre: a nuvem o cobria,
e, de noite, havia aparência de fogo”.
Em terceiro lugar – O PROPÓSITO PRIMORDIAL DESSA MANIFESTAÇÃO DIVINA ERA DAR ORIENTAÇÃO
AO POVO HEBREU FUGITIVO DO EGITO, isto é, “para os guiar pelo caminho… para que
caminhassem dia e noite”. Embora o povo pudesse contar com orientações humanas
e naturais para se guiar rumo à Canaã (conferir o caso do cunhado de Moisés,
Hobabe, que serviu-lhe de guia – Nm 10.29-33), Deus estava sempre presente para
dar a orientação inequívoca, não só quanto ao caminho a ser percorrido, mas
quanto ao tempo devido para percorrê-lo e as devidas pausas para o descanso.
Como
está escrito:
“Mas sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel
partiam; e no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel se acampavam.
(…) E, quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o tabernáculo, então os
filhos de Israel cumpriam a ordem do Senhor, e não partiam. E, quando a nuvem
ficava poucos dias sobre o tabernáculo, segundo a ordem do Senhor se alojavam,
e segundo a ordem do Senhor partiam” (Nm 9.17,19-20)
As
posteriores gerações piedosas dentre os hebreus compreendiam que fora o Senhor
quem orientou seu povo enquanto peregrino no deserto.
O
Salmo 136 é um convite para render graças e louvar a Yavé, que livrou a Israel
da escravidão no Egito e que “guiou o seu povo pelo deserto” (Sl 136.10-16).
Tiago Rosas
Por
Litrazini
Graça e
Paz
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